quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Flexeiras

por Camila Lima



foto: Camila Lima


Para apresentar as expressões culturais valeu todo tipo de esforço. A rainha da bateria da Banda Marcial tem apenas 8 anos e, apesar do sol forte, não parou de dançar um minuto. Laís Carolina Sabino foi rainha do milho várias vezes nas escolas em que estudou e chegou a fazer abertura de cerimônia de formatura. De acordo com a sua avó, Maria Luiza da Silva, Laís se destaca na dança por ter pique de gente grande. Ela é conhecida nos municípios vizinhos em que a banda já tocou e serve de inspiração para outras crianças.
Já as meninas do grupo de dança, que apresentaram uma coreografia para uma música da banda baiana Timbalada, utilizaram lençóis, cangas de praia e até toalhas de mesa para compor a indumentária. Os obstáculos, no entanto, não diminuíram a empolgação. Elas estavam maquiadas e eufóricas. Não só as meninas da dança, mas o município como um todo tinha motivos para comemorar. Flexeiras alcançou, nos últimos anos, avanços significativos em prol da qualidade vida das crianças e adolescentes. Os números de mulheres grávidas com atendimentos pré-natal e de adolescentes de 14 a 15 anos com o ensino fundamental concluído aumentaram, enquanto a quantidade de crianças desnutridas e a taxa de mortalidade de jovens por causas externas diminuíram.
O professor de capoeira José Carlos, conhecido como mestre Mô, também falou das dificuldades que seu grupo enfrenta, mas ressaltou a alegria de participar da festa da entrega do Selo UNICEF e pediu mais apoio da prefeitura. "A gente faz as apresentações com o maior prazer, mas precisamos que a prefeitura chegue mais junto da capoeira. As mães dos meninnos não têm condições de ajudar". Ele lamentou que a sua turma, com mais quarenta alunos, não estivesse completa na apresentação. A maioria dos jovens não possuía abadá – a roupa apropriada para jogar capoeira, e por isso não compareceu. Mestre Mô dá aulas na cidade há oito anos sem receber remuneração. “Os meninos não têm dinheiro para pagar e eu não deixo de dar aulas por isso, mas também não tenho dinheiro para comprar instrumentos ou abadás para eles”, conta.
Flexeiras tem investido em ações relacionadas aos esportes e à cidadania - recentemente, foi construído um ginásio para abrigar as práticas esportivas, mas existe a necessidade mais apoio tanto nessa área e como na de cultura. O entusiasmo dos alunos e professores é visível, no entanto eles dependem de mais investimentos para que seus trabalhos sejam ampliados.


foto: Camila Lima


Grupo de dança “Timbalada”

Flexeiras, Alagoas, Brasil. 04 de dezembro de 2008.

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